quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ponto de Vista Sal da terra, luz do mundo Por Fabiana Bonilha



Ponto de Vista
Sal da terra, luz do mundo
Por Fabiana Bonilha
“Vós sois o sal da terra e a luz do mundo”. Esta frase, dita por Jesus Cristo e referenciada nos evangelhos, sintetiza o caráter da nossa missão, e nos fornece diretrizes muito precisas e importantes.
Utilizando-se de dois elementos bastante presentes em nosso cotidiano, (o sal e a luz), Jesus compõe um ensinamento simples e esclarecedor, que, se posto em prática, é realmente capaz de transformar nossas relações com as pessoas e com os fatos.
Estamos, assim, diante de uma metáfora cheia de sabedoria. Ser “sal da terra” significa ser uma presença discreta e ao mesmo tempo essencial. Como tempero, o sal é imprescindível no preparo de muitos pratos. Por um lado, Sem ele, os alimentos se descaracterizam e perdem o sabor. Por outro lado, o sal em excesso pode estragar totalmente os alimentos, a ponto de que se torne insuportável comê-los. O sal deve, pois, estar presente na medida certa. por si só, ele não se faz notar, mas constitui um ingrediente que, de fato, não se pode substituir.
Nossa presença no mundo deve então obedecer a este mesmo parâmetro.
Por um lado, quando nos omitimos ou nos calamos diante das situações que nos interpelam, nós nos tornamos semelhantes a um alimento sem sal. Atuamos de um modo ausente e inexpressivo, à medida em que não somos capazes de contribuir efetivamente com o mundo onde vivemos. O desânimo e a descrença diante dos fatos, que usualmente geram essa atitude ausente, tiram o sabor de nossas ações, fazendo com que nossa atuação se torne mecânica e insignificante. Neste caso, pertencemos ao grupo das “pessoas sem sal”. Uma “pessoa sem sal” é aquela que não se expressa, que não opina, que não se envolve, que não se compromete. Ela simplesmente vai vivendo ao sabor do vento, sem assumir metas e desafios realmente importantes.
Por outro lado, em uma atitude diametralmente oposta, equivalemos a um alimento demasiadamente salgado, quando tentamos impor nosso modo de ser e de pensar, sem considerarmos a existência de outros referenciais e pontos de vista. Pecamos, neste caso, pela falta de humildade e pela auto-suficiência, em função de uma militância exagerada e imatura. A atitude intolerante e agressiva frente aos acontecimentos nos coloca agora no grupo das pessoas “demasiadamente salgadas”. Estas, por sua vez, são excessivamente inoportunas, inadequadas e invasivas.
Ser “sal da terra” significa então imprimirmos às nossas ações aquela discrição essencial. Significa agirmos com doçura e com firmeza ao mesmo tempo, cumprindo nossa missão com leveza e profundidade.
A metáfora do sal está intimamente relacionada à proposição que a complementa: o convite para sermos luz do mundo. Diante deste convite, Não devemos deixar que nossa claridade ofusque os olhos dos outros. Somos convidados apenas a sermos um “pontinho de luz”, suficiente para iluminar o caminho. Este ponto luminoso, que às vezes se vê ao longe, renova a esperança de quem o avista, e dá a certeza de um trajeto seguro.
A base deste precioso ensinamento então é esta: as pessoas que fazem a diferença neste mundo são aquelas que atuam verdadeiramente como sal e luz. São pessoas cujas presenças, ainda que silenciosas, se tornam notórias e fundamentais, e, por isso, serão lembradas para sempre.
Fabiana Bonilha, Doutora em Música pela UNICAMP, psicóloga, é cega congênita, e escreve semanalmente no E-Braille.
E-mail: Fabiana.ebraille@gmail.com

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