10. O Privilégio dos Indigentes
Romanos 5.6-8
“Mas Deus prova o seu amor
para conosco em que Cristo morreu por nós,
sendo nós ainda pecadores.” Romanos 5.8
Advertência: O conteúdo deste
capítulo é próprio para abrir o apetite. Você pode querer lê-lo na cozinha.
Minha primeira colocação
ministerial foi em Miami, Flórida. Em nossa congregação tínhamos mais que a
nossa quota de senhoras sulistas, que adoravam cozinhar. Eu me encaixava
perfeitamente, pois era um rapaz solteiro, que adorava comer. A igreja era
adepta dos jantares triviais de domingo à noite, e a cada três meses, eles festejavam.
Em algumas igrejas, os
jantares “triviais” fazem jus ao nome. As cozinheiras rapam a panela, e você
tenta a sorte. Não assim com essa igreja. Nossos “triviais” eram um grande
evento. Os armazéns da região pediam-nos que os avisássemos com antecedência,
para que pudessem suprir suas prateleiras. Livros de receitas eram vendidos aos
montes. Para as mulheres, era uma refeição extra-oficial; para os homens, uma
descarada comilança.
Para mim, era ótimo, uma verdadeira cornucópia. Suculentos presuntos em
calda de abacaxi, feijões especiais, picles condimentados, tortas de
nozes-pecãs... (Opa, já estou babando no teclado do computador). Já se
perguntou por que há tantos pregadores robustos? Você entra no ministério para
ter refeições como essas.
Como um solteiro, eu contava
com os “jantares triviais” para minha estratégia
de sobrevivência. Enquanto os outros planejavam o que cozinhar, eu estudava a
técnica de armazenagem dos camelos. Sabendo que deveria levar alguma coisa, eu
atacava as prateleiras de minha cozinha no domingo à tarde. O resultado era
deplorável: uma vez levei meio pote amendoim; outra vez fiz meia dúzia de
sanduíches de ge-léia. Uma de minhas melhores oferendas foi um saco fechado de
batata frita. Outra, um pouco mais magra, foi uma lata de sopa de tomates,
também fechada.
Não era muito, mas ninguém nunca reclamou. De fato, o modo
como agiam aquelas senhora o faria pensar que eu tinha levado o peru de ação de
graças, filas recebiam meu pote de amendoim e o colocavam sobre a longa mesa,
com os outros alimentos. Davam-me um prato e incentivavam:
— Vá em frente, Max.
Não se acanhe. Encha o prato. E eu ia! Purê de batatas. Molho. Rosbife. Frango
frito. Eu pegava um pouco de cada coisa, menos o amendoim.
Eu chegava como um indigente,
e comia como um rei! Embora Paulo nunca tenha ido a um “trivial”, ele teria
adorado o simbolismo. Ele diria que Cristo fez por nós precisamente o que aquelas senhoras faziam por mim. Ele
recebeu-nos em sua mesa em virtude de seu amor e de nossa petição. Não são as
nossas oferendas que nos garantem um lugar no banquete; na verdade, qualquer
coisa que levemos parecerá insignificante em sua mesa.
A admissão de nossa fome é a única exigência, pois, “Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mt 5.6). Nossa fome,
então, não é um anseio a ser evitado, mas antes, um bem-vindo desejo a ser
atendido. Nossas fraquezas não são para serem rejeitadas, mas confessadas.
Note sé não é este o âmago das palavras de Paulo, quando escreve: “De fato, no
devido tempo, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios.
Dificilmente haverá alguém que morra por um justo; pelo homem bom talvez alguém tenha
coragem de morrer. Mas Deus demonstra seu amor por nós pelo fato de Cristo ter
morrido em nosso favor quando ainda éramos pecadores.” (Rm 5.6-8 NVI).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
NADA DE PALAVRÕES E OFENSAS